Com a crise climática, a sociedade enfrenta um momento crítico. 2020 foi um ano de pausa e de desafios. Ao mesmo tempo, trouxe a oportunidade de pensarmos diferente e mudarmos de rumo. Temos a chance de construir um futuro melhor – um futuro baseado em sustentabilidade e que coloca a tecnologia a favor do bem-estar social.
De fato, as soluções tecnológicas se mostram relevantes para a solidificação de uma economia global mais sustentável. A computação em nuvem, a automação industrial de primeira geração e as redes móveis 3G e 4G, entre outras, já servem de base para grandes ganhos de eficiência. Mais de um ano após o início da pandemia, a digitalização provou ser uma das chaves para a sobrevivência de alguns dos nossos setores mais vitais. E as mudanças vieram para ficar. A pesquisa global CEO Outlook 2020, realizada entre julho e agosto do ano passado pela consultoria KPMG, apontou que 53% dos CEOs brasileiros pretendem investir na compra de novas tecnologias e digitalização.
Com a chegada do 5G, aliada à IA, inovação de dados e drones, vamos dar um importante passo à frente. Isso porque essas tecnologias serão fundamentais para impulsionar a economia circular, focada em serviços de valor e na redução de desperdício e de poluição. A transformação digital, focada em automação e big data, também tem um papel a desempenhar, à medida que aplicativos avançados de IA viabilizarão modelos de negócios circulares – como gerenciamento de estoques otimizado e novos fluxos de trabalho.
Um cenário em que a população global deve crescer para um total de 8,5 bilhões em 2030 – e em que mais 3 bilhões de pessoas terão poder aquisitivo adicional – coloca ainda mais pressão sobre as preocupações com o meio ambiente. Com a demanda por produtos e serviços em expansão, os setores público, privado e as organizações sem fins lucrativos devem ter a sustentabilidade e a agenda ESG mais do que nunca em pauta, abraçando conceitos e práticas como a economia circular, por exemplo. O benefício potencial é expressivo: somente com a implementação de modelos circulares a economia mundial pode ser da ordem de US$ 4,5 trilhões até 2030.
O papel crescente da tecnologia será cada vez mais visto em múltiplos setores: energias renováveis, recuperação de materiais e reciclagem são apenas alguns deles, e as tecnologias digitais estão bem posicionadas para apoiar a todos. Se olharmos somente para as emissões de carbono, as tecnologias digitais poderiam ajudar a reduzi-las em até 15% – quase um terço da redução de 50% exigida até 2030 – por meio de soluções em energia, agricultura e uso da terra, edifícios e serviços. Ao permitir chamadas de vídeo e comunicações instantâneas, por exemplo, a digitalização pode ajudar a reduzir as emissões, diminuindo a necessidade de viagens. Para se ter uma ideia, atualmente o transporte é responsável por 21% das emissões globais, sendo que 73% provem de viagens curtas.
Mais do que pela adoção de práticas sustentáveis, a transformação acontecerá, de fato, quando construirmos, juntos, uma nova mentalidade, que incorpore no dia a dia das pessoas e das empresas o olhar atento a tudo que pode nos levar rumo a 2030 – com as metas globais pelo meio ambiente no radar. A tecnologia é uma aliada, mas são as pessoas e as instituições que podem transformar esse futuro sustentável em presente.